Moto GP 2025 – Qatar - Marc Marquez repõe a normalidade

Após o deslize no GP das Américas, em Austin, na ronda anterior do Mundial de MotoGP, onde Marc Marquez demonstrou que o seu principal adversário é ele próprio, o espanhol da Ducati quereria regressar à toada das jornadas anteriores, com vitórias duplas no fim de semana –Sprint e Grande Prémio.

Poderia subsistir a dúvida sobre se o seu irmão Alex, líder do campeonato por um ponto após o COTA, o acompanharia. Dúvidas desfeitas após a qualificação, onde os dois se impuseram, Marc à frente de Alex, e a surpresa a ser o francês Fabio Quartararo que colocou,inesperadamente, a Yamaha na primeira linha da grelha.

O vencedor no Texas, Francesco Bagnaia, caíu na sua tentativa de volta rápida e comprometeu o sucesso das suas corridas ao ser relegado para a 11ª posição da grelha de partida.

De regresso à actividade estava o Campeão do Mundo em título, Jorge Martin, com a Aprilia oficial, depois da ausência forçada por sucessivas lesões, nos três primeiros GP’s do ano. Ainda em claras dificuldades, Martin quedou-se pela 14ª posição, quinta linha da grelha, um resultado que se pode considerar positivo face às circunstâncias.

Logo na corrida Sprint, o clã Marquez voltou às exibições do início da época, com Marc a controlar a corrida e Alex sem ser importunado. Com o terceiro posto, Franco Morbidelli dava os primeiros sinais de um fim de semana positivo. Assim como Aldeguer, que terminou àfrente de Fabio Quartararo.

Bagnaia, saindo muito detrás viu-se preso no tráfego e não conseguiu ir além de sétimo, atrás do ‘rookie’ Ogura. Martin, ainda à procura de uma boa familiarização com a Aprilia, foi até ao fim, terminando em P16.

Surpresa Viñales, susto para Martin

A corrida teria uma história ligeiramente diferente, apesar de uma conclusão semelhante. A vitória de Marc Marquez, talvez nunca tenha estado verdadeiramente em causa. Afinal de contas, o hexacampeão é mestre da tática e senhor da corrida. Mesmo quando teve de ceder a liderança a um endiabrado Maverick Viñales…

O piloto da KTM, vindo do “nada” (8 pontos no campeonato, P12 na Argentina como melhor resultado) surpreendeu ao comandar a prova e terminar em segundo. Com uma moto que exibia soluções algo diferentes das restantes austríacas da grelha e, mesmo tendo em conta a sua irregularidade reconhecida, percebia-se que havia algo mais. No final, a confirmação: a moto de Maverick rodara tempo a mais com pressões fora da janela recomendada.

Ao sofrer a penalização de 16 segundos prevista no regulamento – numa decisão que demorou demasiado tempo a surgir – caíu para P14… mas ficou a indicação de melhoria de desempenho da KTM e a injeção de moral e confiança na equipa de um construtor que passou por momentos bem conturbados nos últimos meses.

Marquez, escolheu o momento para desferir o golpe e deixar o compatriota para trás. Sem surpresa. Surpresa sim, terá acontecido na impossibilidade de ter o seu irmão a segui-lo. Alex,
que chegou a dar um toque em Marc na discussão da primeira curva após a partida, viu-se em dificuldades para acompanhar e um toque em Fabio Di Giannantonio acabou por lhe valer uma penalização de ‘long lap’.

Perdendo muitas posições nesse momento, o piloto da Gresini ainda conseguiu recuperar até P6, numa demonstração que prova não ser por acaso que ocupa asegunda posição do campeonato.

Na retina ficou ainda o duelo entre ‘Pecco’ Bagnaia e Franco Morbidelli, com constante troca de posições. O piloto da Ducati oficial chegou mesmo a ameaçar a liderança, mas não ‘teve pneus’ para a fase final da corrida. Acabou em segundo, numa boa resposta aos azares do início do fim de semana.

A prova ficou marcada pelo momento arrepiante do acidente de Jorge Martin. O Campeão do Mundo perdeu a sua Aprilia em cima do corretor da curva 12, a 9 voltas do fim, quando parecia já em dificuldades físicas. Di Giannantonio que seguia imediatamente atrás, não evitou o embate no corpo do espanhol (trazendo à memória o acidente trágico de Simoncelli)…Incompreensivelmente, com Martin a ser assistido na escapatória, a corrida não foi interrompida.

O madrileno sai do acidente com 11 costelas partidas e um pneumotórax… e a certeza de ter de enfrentar mais uma paragem prolongada.Nota de destaque para as boas exibições de Morbidelli (P3), de novo, de Johan Zarco (P4), a fazer a melhor classificação da Honda este ano, agora sexto no Campeonato, melhor não-Ducati, e de Fermin Aldeguer (P5), melhor resultado do rookie na temporada.

O Mundial prossegue a 25, 26 e 27 de abril, no Circuito Angel Nieto, em Jerez, no arranque da temporada europeia e onde poderá acontecer (pouco provável, ou desejável tendo em conta a delicadeza da lesão) o regresso de Miguel Oliveira, que esteve presente no Qatar a acompanhar os trabalhos da equipa Pramac Yamaha.

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